domingo, 3 de julho de 2011

Roteiro para Três Dias - 2º dia (1ª Parte - Métro)

            E  então?  Deu para descansar?  Que dura, ontem, hein, depois de 11 (onze) horas de voo!  Mas é assim mesmo.  Não se pode dormir sobre os euros,  afinal, você tem só três (três?) dias nesta cidade, onde cada set é um flash.  É por aí, com este curto espaço de tempo, não há que falar em visitas a museus e igrejas, detalhamento de monumentos, shows, concertos, por isso, vá fotografando (bendita era digital!), tudo e todos (e anotando o que encontrar pela frente, para depois saber dar nome às belezuras).  Acordamos às 7h, tomamos café às 7h 30min. e saímos do htl às 8h, em direção ao M4, estação Alésia.
            Oh, que encontro agradável!  Ali estão eles, os distribuidores anônimos, diários, das notícias sobre o que está acontecendo na Cidade Luz, no entorno e no Mundo, a custo zero (a imprensa diária gratuita, hoje moda mundial,  surgiu por aqui, nos idos de 1990, causando grande polêmica, mas já faz parte da realidade francesa).  Os tablóides 20 minutes (nome bastante sugestivo – o tempo da sua viagem é o tempo gasto na leitura do jornalzinho), metr©, Direct Matin, ANOUS PARIS, DirectSport - este traz, na sua capa, o apelo para que se mantenha limpa a cidade - NE PAS JETER SUR LA VOIE PUBLIQUE, bem justificável, afinal, “de grátis” (mas não é raro avistar jornais e mais jornais lançados dentro do vagão do metrô, sobre os trilhos e nas plataformas de embarque/desembarque, por pessoas pouco educadas), e o Marseilleplus (mais esporadicamente) são distribuídos, de manhã cedinho, nas entradas das estações e das gares ou colocados em aparadores, dentro destas, à disposição do passageiro que transita sempre a passos largos.  

Passageira acionando a porta do vagão.  Algumas composoições, atualmente, têm a abertura de portas, automática, ao pararem (umas portas são abertas acionando a manivela  para  cima, outras, apertando o botâo; isto deve ser feito, também, de dentro para fora).

        Vou abrir parênteses para  dar destaque a uma das minhas paixões em Paris, porque hoje, quando andaremos com mais vagar, você poderá observar detalhes – estou falando do Métro,   isto mesmo, o metrô, com suas 14 linhas (uma automática, sem condutor) tão criticado por muitos, mas que é o responsável pelo maior transporte de cidadãos dentro do cinturão da cidade, o mais rápido e também o mais econômico, por isto mesmo, o mais concorrido nos horários de pico.  Ao caminhar pelas galerias, observe os outdoors (eles também são diuturnamente pichados pelas tais pessoas mal educadas, embora seja grande e constante o esforço da administração da RATP para manter tudo limpo).

Pichadores - criação lamentável, Mundial.
Neles você verá o que vai acontecer nos cinemas, nos teatros, nas casas de shows, nos parques, nas ruas, encontrará divulgação de campanhas que são desenvolvidas na cidade (exemplificativamente, do Autismo), descobrirá castelos com as indicações, nos mínimos detalhes, de como chegar até eles, informações sobre como acessar os Parques do Asterix  e de Disney, saberá dos lançamentos nos grandes Magazines, verá quais famosos estarão na área, que show Gospel estará em cartaz, que Companhia de dança vai bombar, onde haverá um Concerto, enfim, vai ficar por dentro de tudo. Atualmente, as estações dispõem de assentos para o conforto dos passageiros.
O metrô está desmistificando-se, sob todos os pontos de vista.   Mais adiante, mostrarei como estão as estações já renovadas. Um luxo só!  E, o máximo, a Administração quer ouvir você, ela espera um feedback seu a respeito das mudanças.  Além disto, você poderá comprar flores, frutas, jornais e revistas, águas, sucos e refrigerantes, balas, bombons, amendoins e snacks, sanduíches montados em deliciosas baguetes, guloseimas diversas e ouvir músicas  (umas, de chorar, de lindas) de todo gênero,  ao som de violinos, harpas, flautas, bandoleóns, gaitas, com acompanhamento de eletrônicos, interpretadas individualmente ou por duplas, trios ou até bandas, muitos, alunos e ex-alunos de escolas de música.  Sabe aquela moedinha que você recebeu de troco e não lhe fará falta?  Deixe-a ali, para o artista que alegra e emociona a sua passagem.  O lado triste deste passeio subterrâneo:  indianos, muitos indianos esmolando, assim também pessoas de outras nacionalidades e os próprios nativos, e muitos “clochards”, bêbados, jogados à sua própria sorte (no inverno rigoroso é comum vê-los deitados, do lado de fora das estações, sobre as grades dos respiradores do metrô, de onde sai um vapor quente – cenas de doer o coração).

Um "clochard" - Repare que ele retirou a propaganda do outdor e cobriu-se com ela. 

E é no metrô de Paris que eu mais sinto que O Amor está no Ar.  Fico sentada, aguardando o próximo comboio e me delicio em constatar como os parisienses são românticos.  Ah, lá vem um casal de meia idade, abraçado.  Param e se acariciam, ali, na presença de todos.  Beijam-se.  Que coisa linda!  (Fico em cócegas, querendo fotografá-los, para vocês sentirem o clima, mas sei que isto, hoje, está dando uma baba de indenização!).   Ih, vem chegando outro casal, bem mais jovem, e seus filhotes (quase sempre são três – um dia explico), que se entretêm brincando, enquanto seus pais simplesmente namoram, às encancaras.  Maravilha, gente!  Emocionante!  Chegou o transporte.  Dentro, encontro uma loura “branca OMO total” e um “negão”, apaixonadíssimos (quadro que mais se vê atualmente – quero viver bastante, ainda, para  conhecer as próximas gerações de franco/afros) que  estão, me parece, fazendo juras de amor, uma ao outro e vice-versa, desapercebidos da multidão em volta.  Hum, que inveja (Espiritual, é claro, pois não se deve ter inveja de ninguém!).  Isto acabou, aqui no Brasil.  Aliás, romanticamente falando, o país ainda não saiu do Projeto, onde o homem chama a mulher de esposa, porque acha que é chic.  (Ai, que horror! Até o termo, cafona toda vida,  soa feio: “ex-posa”.  Já deu o filho...) e sai às ruas acompanhando-a, como verdadeiro robô.  Nisto, eu não posso recriminar o Fernando, hein, galerinha!  Até ao jornaleiro, em frente do prédio onde morávamos, íamos abraçadinhos.  Aliás, romance foi o que não faltou, na relação.

Mapa, para sua localização.

Máquinas e guichê de venda de tickets do Métro.
O Métro é isto ai e muito mais – são tantas emoções!!!    Se há uma informação de que o próximo carro chegará à plataforma às 14h 28 min. e são 14h 26min., fique ali parado(a), aguar-dando, porque pontualidade - seu nome é transporte, na França, aliás, na Europa. Se o carro estiver muito cheio, não se sente em banco localizado em frente às portas, recolha-o para a posição vertical e fique de pé, em frente a ele.  Lembre-se, carrinhos de bebê, cães guias e seus donos e cadeiras de roda, têm preferência neste mesmo local.  Nas estações já remodeladas e muito profundas, já é possível contar-se com elevadores.  Descuidou-se e deixou passar a estação onde deveria desembarcar? Não se preocupe, desça na próxima e procure a indicação da mesma linha, para retorno.  Se necessita fazer correspondências, evite estações tais qual a Chatelet, a Republique, a Montparnasse e a Les Halles, em horários de pico.  Ajude um handcapé ou uma pessoa idosa, ou mesmo uma mamãe com seu carrinho de bebê, a descer ou subir uma escada (o francês não fará isto) – isto vai lavar-lhe a alma, pelo resto do dia, até à próxima “mãozinha” e Deus proverá.

Não se esqueça de “montar” na esteira, ou na escada rolante, à direita, deixando a passagem, à esquerda, sempre livre, isto é uma questão cultural.

Iolanda Lopes de Abreu

Nenhum comentário: