Bem, é o tal negócio, se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. Eu prefiro começar pelo lado esquerdo. Caio logo entre os africaners e, enquanto os cabelos arrepiados dos braços vão-se acomodando e o disparar das batidas do coração também vai voltando à calmaria, tento responder com altivez às propostas que, às vezes, não entendo bem: aplicar unhas postiças, colocar uns apliques rastafari nos cabelos, tomar um cafèzinho, aceitar um encontro? Non monsieur, merci monsieur, bonjour monsieur, très cher monsieur... Sem nem encarar o ofertante e desviando rapidinho dele.
Atravessando o Boulevard, passando para o lado direito, vão aparecendo as tentações penduradas em araras: roupas indianas de montão, blusas chinesas lindas e também muitas de gosto duvidoso, incontáveis calças sarouel de tudo quanto é tipo, todas vistosíssimas (Ah, descobriram onde as compro, nè? Então vou revelar outros lugares onde faço minha coleção: lojas ao lado de Les Halles e na Mouffe). Barganhem, meninas, barganhem, porque os vendedores são "das Arábias".
Em seguida, adentrando pela Rue de Faubourg Saint Martin, o negócio passa a ficar complicado. Maridos, noivos e namorados, passem a cobrar horário de suas amadas. Amadas, amarrem suas mãos e lacrem suas bolsas. Só lojas de roupas chiquerésimas e carésimas. Isto tudo em meio a dezenas e dezenas de "Damas de Vison", impecavelmente maquidas e de saltos altos (Pigalle, agora, é aqui). Cansados(as)? Estiquem mais um pouquinho, em linha reta e irão encontrar a interessante Gare de l'Est, onde poderão fazer um restauro completo.
%%%%%%%%%%%%%%
"O amor não é invejoso..." I Cor. 13:4
Iolanda Lopes de Abreu