segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Edith Piaf

Acesse o link e veja a postagem de hoje, ouvindo O Rouxinol.
http://youtu.be/ZKDDS7zhAzM

         No mesmo dia em que cheguei, muni-me de força e disposição e fui ao 20º Arrondissement, talvez o mais pobre de Paris, onde viveu Edith Piaf.  Peguei o M 1 (linha amarela), até a estação Hôtel de Ville, onde fiz a conexão na linha marrom (M11), direção Mairie de Lilás, para desembarcar na estação Belleville.  A este populoso quartier de Paris, poderíamos chamar carinhosamente de Babelleville, em função da quantidade de culturas que abriga, sobressaindo-se a asiática.
O comércio do bairro é agressivo e variado e os asiáticos o dominam.  Reparem as duas
línguas (francês e chinês, na fachada da casa de venda de flores).

            Sim, amigos(as), depois de uma viagem de 11 horas, mais aquele aguardar de voo, aguardar de aduana, aguardar de malas, aguardar de transfer, fazer um passeio a pé, à segunda mais alta colina de Paris (128m), Belleville, só superada por Montmartre (130m), precisa-se, antes de mais nada, de savoir vivre. Fiquei de contar tudo o que vi, no dia seguinte, mas acabei adiando para quando do meu retorno.   Agora, vamos lá, porque o local é im pactante, embora de contrastes.
              Logo ao  sair do Métro, caminhando para um aclive à esquerda, entramos na Rue Belleville, onde avistamos o cafè Aux Folies, no cruzamento com a Rue Dénoyez - um antigo cabaret, de onde emergiram Piaf e Maurice Chevalier.
             Nesta rua perpendicular à Belleville, são muitas as lojinhas com suas paredes grafitadas,  tanto à direita, quanto à esquerda.
             E foi neste bairro que nasceu La Môme Piaff (1915 -1963), tendo sido confiada sua guarda, inicialmente à sua avó materna, notória alcoólica, e, posteriormente à sua avó paterna, dona de um bordel em Bernay, na Normandia. Passa sua adolescência cantando pelas ruas de Belleville, até ser descoberta, em 1935, pelo dono de um cabaret dos Champs Elysées que lhe deu este apelido, cujo significado é "pequeno pássaro".



            Após 1937, tornou-se uma grande vedete, mas a vida íntima da chanteuse tornou-se uma tragédia. Foi enterrada no Père Lachaise, pertinho de onde viveu e um pequeno museu existe, em sua homenagem, em Belleville.

Esta placa, no nº 72 da Rue de Belleville, indica, na realidade,
a casa onde viveu Edith Piaf, nascida no HospitalTenon,
             Falei em bairro de contrastes?  Saindo da Rua que tem o seu mesmo nome, na altura do número 68 e subindo a Rua Piaf, à direita, vamos encontrar um espaço verde magnífico, com uma bela vista de Paris - o Parc de Belleville.
Eu recomendo este passeio - nas proximidades, bons restaurantes.
Tudo extremamente  bem cuidado.
Com acesso ao Wi-Fi.

Os jardins são em terraços e o espaço, novo (20 anos), é muito agradável, apresentando decorações florais, constituindo-se num pulmão verde, de uma área muito populosa.  Descendo a escadaria, a partir deste ponto onde estou, chega-se a um parquinho de recreação.  Ao lado, as vinhas.



 
 Oops!  Até daqui de cima pode-se ver a Tour Eiffel?!?!

 
Acabara de registrar esta tranquilidade, quando pressenti que ia ser abordada por uns africanos que apareceram de repente, descendo o seguimento mais alto desta alameda.  Apressei-me a recolher meu casaco, a bolsa e o tripé, mas um deles chegou bem perto de mim, interpelando-me e querendo ver que foto eu tinha tirado (para constatar se ele e seus companheiros haviam sido enquadrados nela).  Nem um único passante por perto, ou, ao menos, o policiamento que sempre circula de bicicleta, em trinca.  Embora tenha gelado, disse que não entendia o que eles falavam, que não falava Francês e, sempre em Português, só para ganhar tempo, fui dizendo que tinha fotografado esta descida e gesticulava, mostrando que a máquina tinha sido direcionada para baixo.  Fui salva pelo gongo, quando ouvi um assobio e os caras desapareceram, em um segundo - era a polícia chegando.



Retornando ao ponto onde entrei, subindo um pouco mais, encontrei, no nº 27 da Rue Piaf, a Maison de l'Air, que procura sensibilisar crianças e adultos para a qualidade do ar, aravés de exposição atrativa e lúdica.

Ah, que vontade de me esdraiar na pelouse!




Fonte de apoio: Paris guides-bleus (Hachette Tourisme)

Iolanda Lopes de Abreu