quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

E você não tem medo?

Quase sempre chega-me esta pergunta, por email.  Diz respeito a vagar, as mais das vezes, sozinha, pelos diversos locais (alguns totalmente desertos, mal sinalizados, por mim desconhecidos...) de Paris, portando mais de uma máquina fotográfica, tripé, guia de ruas - tá na cara que sou turista, mas, fazer o quê?  Procurar só os pontos-vedetes?  Para descobrir, tem-se de alçar voos mais altos.
Não que tenha medo, talvez receio, principalmente quando percebo que enveredei erradamente por caminho tortuoso, para chegar ao destino desejado (a última vez, foi tentando chegar ao Hipodrome de Longchamp)  e me vem aquele arrepio esquisito, ao avistar alguém suspeito,  mas isto, comigo, é coisa antiga - herança dos tempos das aulas de Medicina Legal lá na UFF (Quem mandou falarem sobre o criminoso nato de Lombroso?  Quando os cabelos dos meus braços ficam eriçados, estou vendo um - é crível?!?!).
Há muito policiamento em Paris - eu diria que ele é até excessivamente ostensivo (com viaturas, a cavalo, de bicicleta, de moto, a pé...), mas durante as minhas caminhadas vejo muita coisa - observem que estas belíssimas e caríssimas bicicletas de corrida, acorrentadas a uma cerca no tranquilo bairro de Passy, quase na entrada do Métro, tiveram suas rodas dianteiras subtraídas.  Desci na Gare St. Lazare e verificava o movimento de passageiros na estação, quando vi uma policial conduzindo um rapaz boa pinta preso (Interessante - lá os policiais usam uma espécie de correinha trançada, fininha, unindo os pulsos do meliante e o vão conduzindo, como se fosse um cão.).  O que ele teria feito?  Batedores de carteiras, vejo-os muitas vezes, nas estações do Métro - não se preocupam nem em embarcar - o delito é ali mesmo, na plataforma de embarque.  Não é um Rio, mas é Paris, a cidade mais movimentada do Mundo.
Procuro sair do hotel ou de onde esteja hospedada, o mais cedo possível, para vasculhar o que for possível, sob a luz do dia, e não me recolher muito tarde - 22h, geralmente, é o meu limite, na rua, a não ser que tenha ido a um teatro, a uma casa de espetáculos etc.  Esforço-me por estar sempre atenta ao que se passa em torno de mim.  Com alguma dúvida?  Examino a pessoa de quem vou acercar-me para tentar elucidá-la.  No mais, fé em Deus.



 
Iolanda Lopes de Abreu